A palavra "surrealismo" é de origem francesa. Trata-se de um termo que surgiu no início do século XX em Paris, por conta de um movimento artístico e literário. O sufixo "SUR" refere-se a "ACIMA/SOBRE/ALÉM" e o radical "RÈALISME" que significa "REALISMO" . Portanto, SURREALISMO quer dizer "o que está acima do realismo" .
O conceito dessa forma de expressão se caracteriza pela manifestação do Pensamento de forma espontânea, através de impulsos do "inconsciente", desprezando os padrões de ordem moral e social estabelecidos pelo ser humano ao longo da história e renegando a lógica, como princípio da racionalidade.
Com o passar do tempo, o adjetivo derivado "surreal" passou a ganhar corpo e transformou-se numa recorrente referência a tudo o que fere o padrão comportamental, especialmente sob a égide da Ética, da Moral e dos Costumes.
O afastamento da realidade e a descontextualização da linguagem, da imagem e dos padrões tornou-se lugar-comum na sociedade brasileira, nos seus mais variados setores.
No Brasil, particularmente, o surrealismo se manifesta de maneira acentuada na política, na ética, na Educação e no próprio comportamento da população, independentemente da classe econômica ou intelectual.
A naturalidade com que se passa a entender o absurdo, causa espanto. A rejeição aos padrões convencionais, tão duramente conquistados pela civilização humana ao longo da evolução tornou-se banal.
O antiético, o antinatural, a antítese na confrontação de valores morais e sociais tornaram-se bandeiras ativistas e objetos de melindre e "mimimi" quando questionados. É o ser humano dando volta em torno de si mesmo, sem saber onde quer chegar.
A necessidade de se auto-afirmar como pessoa e como fator determinante para ser considerada diferenciada, vanguardista ou progressista instrumentaliza-se a partir dessa postura surreal, em que ações e atitudes levadas pela impulsividade e pela falta de clareza e percepção, eclodem numa miscelânea de pensamentos desajustados que comprometem o próprio "modus vivendi".
O surrealismo encontra abrigo na ideologização da saúde, dos direitos e obrigações civis, na retórica desenfreada dos extremos, na mídia sensacionalista, no fanatismo de qualquer espécie, e principalmente no reconhecimento do ser humano, como uma obra perfeita no universo de sua imperfeição.
Transgredir a verdade sensível e alimentar-se daquilo que se encontra para além do real, não é apenas estranho, senão um subterfúgio que a alma encontra para co-existir no tempo com o bizarro, o incoerente e o incongruente.
Sem querer se aventurar pelo terreno da psicanálise ou da política, como exercício filosófico, essa tênue abordagem sobre o surrealismo é apenas uma prosaica consideração sobre os tortuosos caminhos que temos tomado.
NEWTON AGRELLA
0 comentários:
Postar um comentário